Este blog destina-se a falar sobre música, livros, dicas culturais e minha visão sobre o cotidiano nesta Cidade Maravilhosa. O espaço está aberto a todos que curtem um bom papo. Será como um encontro para um chá com amigos, uma boa roda de Choro ou de Samba, um passeio pelas ladeiras de Santa Teresa e arredores. Sempre em boa companhia com muita alegria e vontade de viver! Sejam todos bem-vindos! A Dama da Lapa
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segunda-feira, 25 de julho de 2016
domingo, 24 de julho de 2016
E POR FALAR EM SAMBA...
Ao ver a postagem no Facebook pela amiga Marília Trindade Barbosa, me vieram as lembranças que resultaram neste post do meu blog.
É sempre bom lembrar da importância de Bucy Moreira, porque isso me remete a Carlos de Souza - meu pai.
Muito amigos e parceiros , Carlos de Souza e Bucy Moreira fizeram muitos sambas juntos assim como foram parceiros constantes Raul Marques e Arnô Canegal.
Paga ou não paga - Carlos de Souza - Bucy Moreira e Arnô Canegal - Citada aqui nesse depoimento. ( Lamentavelmente o nome de meu pai foi esquecido pelo amigo); Festa na Roça, gravada por Carmen Costa... Mau costume (outra parceria) , Falso Batuqueiro - gravada por Jorge Veiga, O Pai Miguel (parceria também não citada neste depoimento) aqui chamada de O Velho Macumbeiro e com a letra e melodia alteradas. Diferente da gravação original, gravada por Patrício Teixeira...
Perfeitamente (Carlos de Souza- Bucy e Arnô Canegal) gravada por Nelson Gonçalves... Entre outras dezenas de composições.
A amizade entre eles era tão intensa que até a minha certidão de nascimento tem como testemunha o Seu Bucy (era assim que chamávamos em casa) e essa amizade durou até o fim da vida do Bucy Moreira.
Lembro que papai comprou o jazigo da família no Jardim da Saudade quando soubemos que minha mãe estava com câncer de mama e a qualquer momento a perderíamos. E ela realmente partiu naquele mesmo ano em 04 de outubro de 1982.
Papai com todo aquele espírito altruísta( qualidade rara hoje em dia e pelo que vejo, desde sempre) tratou de relacionar os nomes dos familiares e entre eles o Bucy Moreira que era considerado um irmão.
Bucy Moreira foi quem inaugurou o jazigo e ainda está por lá, visto que exumação não foi possível pois até 1987 ele permanecia intacto!
Tamanha a força da raça e do espírito desse grande compositor.
Papai juntou-se a ele e mamãe somente no ano 2000.
Nascido em 13 de agosto de 1916, estaremos agora comemorando seu centenário.
Bem que eu tentei pedir a alguns amigos regravassem informalmente, apenas a título de registro, alguns sucessos gravados à época por Linda Batista, Dircinha, Blecaute, Jorge Veiga, Patrício Teixeira como Pai Miguel (esta perfeita na voz de um grande intérprete da já não tão nova geração rs) , mas o tempo é tão ingrato e as pessoas tão ocupadas que estamos próximos ao dia e nada aconteceu.
Eu que costumava dizer que às vezes é melhor ter amigos do que ter dinheiro... Já ando repensando um pouco mais essa questão.
Carlos de Souza teve grandes parcerias e era um bom letrista, pois, apesar de pouco estudo, era uma pessoa extremamente inteligente e bem informada.
Atento a tudo! Duas das suas parcerias com Wilson Baptista, inéditas e descobertas por Rodrigo Alzuguir, que me presenteou com a surpresa de ouvir a gravação de "Não me Pise o Calo" com Mart'nália e anos mais tarde, "O filho de Laurindo", apresentada no musical maravilhoso "A Cuíca do Laurindo" esse ano.
As lembranças são tão boas e o sentimento de gratidão por ter tido a oportunidade de conviver com essas pessoas quando estavam no auge da maturidade.
É bom lembrar da sala lá de casa ( Rua Riachuelo, 252 - Aptº - 601 - Telefone: 226732 ! Sim! Lembro de tudo!!!)...
Todos sentados à mesa a cantar e batucar pela noite a dentro.
Ali eu pude ver Ataulpho Alves, Synval Silva, Raul Marques, Blecaute, Bucy e outros bambas comendo um feijão com arroz com pescadinha frita da Dona Neném (minha mãe) bebericando e criando.
Eram noites memoráveis e eu acordada atenta a tudo!
Nasci em 1960 e ainda tive bastante tempo de beber nessa fonte inesgotável de talentos e tenho lembranças desde os meus 5 anos, tempo em que envergonhadíssima, sentava embaixo da mesa para cantar "Diz que fui por aí" - Zé Keti - Gravada por Nara Leão . Diante de tantos talentos... Só mesmo escondida pra cantar rs.
Ao mesmo tempo eu era alimentada musicalmente pela vitrola lá de casa que era usada o tempo todo por meu irmão Carlos Silva e Souza - O Caçula 7 Cordas - ouvindo Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Francisco Alves, Sílvio Caldas, Dalva de Oliveira, Linda Batista, Elizeth Cardoso, Elza Soares, Isaurinha Garcia, Nora Ney, Orlando Silveira, Regional do Canhoto, Benedicto Lacerda, Luíz Americano, Abel Ferreira...
Meu aniversário 1975. Nesta foto Ari do Pandeiro, Caçula, Seu Caiana, Synval Silva, um amigo que não recordo, meu pai Carlos Souza, Seu Bucy Moreira e outro amigo que não me recordo. |
Caçula, Cesar Moreno e esposa, Sylval Silva e de costas Ari do Pandeiro. (Ah! o bebezinho João Carlos meu sobrinho) |
O artista plástico Fernando Vieira, o compositor Sinval Silva e Aglaise S. Souza. |
E aí vieram os amigos do Caçula: Os irmãos Valter e Valdir, Cidinho Sete Cordas, Siqueira, Índio do Cavaquinho, Élcio Brenha, Ary do Pandeiro, Claudionor Cruz, Darly do Pandeiro, Déo Rian, Josias Nunes, Ronaldo do Bandolim, Joel Nascimento, Zé da Velha, Manoel da Conceição, Paulinho da Aba, Ney Silva, Zé Trambique...
E depois vieram os meus contemporâneos: Silvério Pontes, Wanderson Martins, Afonso Machado, Pedro Amorim, Fred da Flauta, Maurício Verde...
E fui aprendendo a ouvir música, imaginar arranjos, colocar violinos numa gravação sem violinos rs ... Reconhecer modulações...
Ah! como era bom!
Não me tornei cantora, nem musicista, mas ganhei um ouvido absolutamente educado para só aceitar o que é puro e autêntico.
E depois a nova geração: Nina Wirtti, Rafael Mallmith, Ronaldo Gonçalves, Pedro Cantalice, Anderson Balbueno, Luis Barcelos, Aquiles Moraes, Everson Moraes, Julião Pinheiro, João Camarero, Pê Jota, Bidu... esta lista é muito grande! Perdoem os não citados! Mas essa turma está substituindo à altura os nossos grandes mestres e é isso que nos conforta e dá esperanças.
E é por essas e outras que hoje, venho através da Rádio Viva o Samba, militando pela manutenção da boa música através do trabalho que faço com meu marido Luiz Carlos Correa que criou o site também por ter uma história familiar bem parecida com a minha. Filho de Jair do Pandeiro e sobrinho de Paulinho da Aba... Vila Isabel no DNA! Mas isso já é outra história!
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Sobre os Encontros Maravilhosos,
Sylval Silva
Local:Rio de Janeiro
Jacarepagua, Rio de Janeiro - RJ, Brasil
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